Hoje, 15 de junho, a ementa das cantinas do Politécnico de Lisboa incluiu um acompanhamento alternativo, feito à base de insetos - massa espiral de proteína de insetos produzida apenas com sêmola de trigo duro e farinha de buffalo. O IPL é, assim, a primeira instituição de ensino, em Portugal, a incluir este tipo de produtos nas ementas das refeições servidas nas cantinas. Esta iniciativa resulta de uma colaboração dos Serviços e Ação Social do IPL, Totalis e Portugal Bugs.
O facto de ser a primeira refeição com inclusão de insetos, servida numa instituição de ensino, levou a CNN e a SIC a demonstrar interesse em marcar presença na cantina da Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx), para saber mais sobre a iniciativa e obter reações dos utilizadores. Foi, por isso, uma manhã diferente do habitual que gerou curiosidade a quem frequentou a unidade alimentar situada no Campus de Benfica.
Para Heitor Oliveira, coordenador do Serviço de Alimentação dos Serviços de Ação Social do IPL, “esta ação é representativa da visão do Politécnico de Lisboa para a prestação de serviços alimentares nas cantinas das instituições de ensino superior, inovação constante e disponibilização de uma alimentação diversificada, saudável e sustentável. Esta é apenas uma das muitas iniciativas que temos vindo a desenvolver no âmbito do nosso Programa de Alimentação Saudável e Sustentável.”
Daniel Saldanha, responsável da Totalis, empresa com a responsabilidade de exploração do serviço de refeições no IPL, diz ter aceite, desde logo, o desafio lançado pelos SAS IPL, que contou com o apoio da Portugal Bugs, empresa que tem como missão o desenvolvimento de produtos naturais de insetos para o setor alimentar.
A prática de uso de insetos como fonte de alimento, designada como entomofagia, tem sido abordada nos mais variados fóruns sobre alimentação, vista como forma de contribuir para oferta mais variada e sustentável. De acordo com um relatório de 2013 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o consumo de insetos é uma alternativa nutricional e saudável, comparável a opções comuns como a carne de frango, porco, vaca e até peixe. Em 2021, a União Europeia aprovou o primeiro produto derivado de insetos para consumo humano, a farinha produzida a partir de larvas de escaravelho, e nesse mesmo ano, a direção-Geral de Alimentação e Veterinária autorizou a utilização de larvas de Tenebrio molitor, desidratadas para consumo humano no nosso país.
Nas cafetarias das cantinas do Politécnico de Lisboa já está, entretanto, disponível uma alternativa de chocolate negro com 70% de cacau, sem adição de açucares, polvilhado com Tenebrio molitor, com uma cobertura crocante e semelhante a amêndoas ou amendoins. Nos próximos meses a perspetiva é dar continuidade a esta iniciativa, estando previsto disponibilizar, no início do próximo ano letivo, o primeiro entoburger da Península Ibérica nas cantinas. Este vai ser um substituto ao hambúrguer convencional, sendo produzido apenas com vegetais e insetos.
Texto e imagens de CSS/GCI IPL