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Os cafés de Lisboa

Lisboa está mais internacional, e isso sabe bem. Longe vão os tempos em que a alma africana mostrava-se em sítios escondidos, ou aos poucos que conheciam os almoços dançantes da Associação Caboverdiana (uma instituição lisboeta). Os outrora ‘chineses clandestinos’ da Mouraria são agora restaurantes orgulhosos. Temos empreendedores, artistas, e muito mais. Não que tenham chegado agora a Lisboa. Não. Mas agora fazem-se notar, estão mais confiantes, e isso sente-se no dia-a-dia da capital. Um dos melhores sítios para descobrirmos essa mudança é nos cafés de Lisboa: os cafés lisboetas são um mundo. Um mundo de experiências, de vivências e de conversas geniais. Estas conversas têm-se alterado, refletindo a mudança de Lisboa. Dantes tínhamos amigos, vizinhos ou colegas de trabalho a conversar sobre as suas vidas e os seus mundos. Hoje temos mundos novos, onde até desconhecidos encontram-se para café, despois de uma primeira conversa virtual. A minha sugestão deste mês é que se agarre num bom livro, e se aproveitem os cafés de Lisboa para ler, estudar, ou simplesmente para observar o mundo que é Lisboa. Como sugestão de leitura (ou simplesmente como livro-desculpa para ir para o café), recomendo ‘As Primeiras Quinze Vidas de Harry August’ de Claire North, para aqueles que gostam de ser transportados por uma prosa de excelência, ou ‘Um Dia’ de David Nicholls, para os românticos incuráveis. ‘As Primeiras Quinze Vidas de Harry August’ têm como premissa a vida de Harry, que sempre que morre volta a renascer, lembrando-se de tudo. O livro transporta-nos através das inúmeras vidas desta personagem, fazendo-nos oscilar entre o destino e a autodeterminação, pois não interessa que erros comete, nem que sucessos alcança, ao morrer, Harry volta sempre ao início. ‘Um dia’ não nos faz oscilar no tempo, pelo contrário, mostra-nos “um dia” na vida de um casal, ao longo de 20 anos. E sim, tal como pode acontecer no café, tornamo-nos espectadores de uma história de amor, onde podemos observar os sucessos, as amarguras, as alegrias e as lágrimas de dois desconhecidos, de duas pessoas que podiam ser reais, e que podiam estar a tomar café ao nosso lado. Esta é a minha sugestão, talvez um pouco voyeurística: observem a vida, nos cafés, nos livros, aprendam com ela. Despois usem o que descobriram e o que sentiram para viver a vossa. Vivam-na bem.