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Abrir um livro é como abrir uma janela à liberdade

 

Vivemos tempos de incerteza em que a tenacidade dos povos, as relações entre nações e a empatia e resiliência dos Homens são postos à prova, mas é também nessas alturas que a história tem demonstrado a capacidade inigualável de fraternidade, solidariedade, perseverança e reinvenção do ser humano.

Neste trajeto, a minha reflexão literária recai sobre o livro “A bibliotecária de Auschwitz” de Antonio G. Iturbe, um livro marcante que destaca a importância da educação, da cultura e da resistência em tempos de grande opressão. A história baseia-se em factos verídicos e retrata a audácia de Edita Adlerova (personagem Dita) a “bibliotecária” e da escola erguida pelo professor Alfred Hirsh num dos barracões de madeira - bloco 31, do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Foram deportados para o campo de concentração de Auschwitz aproximadamente 1.3 milhões de judeus provenientes de vários países europeus, sobretudo Hungria e Polónia, dos quais se estima que apenas sobreviveram 200 mil. Durante a Segunda Guerra Mundial a posse ou leitura de vários livros foi proibida, principalmente por judeus, e quem fosse apanhado poderia ter como consequência a sua morte. 

É neste contexto, e aproveitando a propaganda nazi para mostrar à Cruz Vermelha Internacional que os campos de concentração não eram locais de trabalho forçado e de morte, que o Professor Hirsh convence o regime nazi a autorizar que algumas crianças fiquem ao seu cuidado no bloco 31, enquanto os seus pais vão para os campos de trabalho. E é aí que ele ergue a escola onde “não há paredes e os quadros são invisíveis”, mas a vontade de ensinar e aprender trazem um pouco de normalidade à vida daquelas crianças.

Para o funcionamento desta escola é determinante o papel de Dita, uma menina corajosa e destemida que aceita a missão de guardar, cuidar e esconder os 8 livros, arriscando sua própria vida para mantê-los em segurança.

“Naquele lugar tão escuro em que a humanidade chegou a alcançar a própria sombra, a presença dos livros era um vestígio de tempos menos lúgubres, mais benignos, quando as palavras ressoavam mais do que as metralhadoras. Uma época extinta.”

O funcionamento da escola e a leitura dos livros foram uma fonte de esperança e consolo para os prisioneiros, um subterfúgio temporário à brutalidade do campo determinantes para que Dita e as outras crianças tivessem conseguido sobreviver ao holocausto.

Boas leituras!