A Tirania do Mérito é um livro do filósofo político norte-americano Michael J. Sandel, que tive o gosto de ler, reler e anotar durante as férias estivais. Deste livro, retirei como principais ideias\ensinamentos, a forma como Sandel explora e critica a crescente ênfase na meritocracia na sociedade contemporânea. O filósofo argumenta que a meritocracia, ou seja, a ideia de que as recompensas e posições na sociedade devem ser distribuídas com base no mérito e esforço individual, tem vindo a criar desigualdades significativas e agravar divisões sociais. Tendo este foco no mérito um claro alheamento das posições de partida dos indivíduos ( financeiras, saúde, infortúnios). 

Sandel problematiza como a meritocracia pode ser prejudicial ao criar uma hierarquia de valor que muitas vezes exclui aqueles que não têm as mesmas oportunidades ou capacidades. Ele também analisa como a meritocracia pode levar a uma mentalidade de superioridade moral entre os que têm sucesso, marginalizando aqueles que não alcançam o mesmo nível de sucesso. Faz este exercício sempre enquadrando os modelos político económicos prevalecentes nos Estados Unidos da América e da Europa, dando claro destaque às diferenças do modelo europeu de matriz mais social democrata, em contraposição com o Americano- mais assente no individualismo e na força do Mercado enquanto regulador da vida em sociedade.

Além disso, o autor frisa a necessidade de repensarmos o nosso conceito de mérito e explorar alternativas que valorizem mais a contribuição comunitária e a dignidade de todos os cidadãos, independentemente de seu sucesso econômico ou social.

Em suma, "A Tirania do Mérito" de Michael J. Sandel é um livro que questiona o modelo meritocrático desregulado e sem freio e destaca as suas limitações, argumentando que precisamos de encontrar formas mais justas e equitativas de organizar as nossas sociedades.