De Eça de Queirós a Patrick Suskind: A importância da leitura
É um enorme desafio, num curto texto, enunciar a importância da leitura. Muitas seriam as razões que poderia invocar, mas, atendendo ao desafio proposto, procurarei chamar a atenção das mais importantes.
Desde logo, e em primeiro lugar, a comunicação. A tentação é de nos lembrarmos daquilo que conhecemos nos dias de hoje como escrita. Acontece que, desde tempos imemoriais, o homem comunicou através da escrita. A escrita de então. Quem não se lembra das pinturas rupestres ou dos hieróglifos como forma de escrita usada no antigo Egipto?
Por outro lado, essa escrita permitiu ao Homem perpetuar no tempo e transmitir o conhecimento. De geração em geração, o conhecimento foi-se transmitindo porque o homem escreveu. E ao escrever perpetuou no tempo, tanto quanto possível, o conhecimento. Assim, hoje conhecemos a ciência desenvolvida na Grécia antiga, na civilização Maia, a arquitetura na construção das pirâmides egípcias ou, entre muitas outras, a dinâmica dos descobrimentos portugueses.
A história, imortalizada pela escrita, é de uma vital importância para a humanidade, não só para compreender o passado, mas, essencialmente para projectar o futuro.
Em terceiro lugar, a leitura permite-nos desenvolver a nossa imaginação e criatividade.
A literatura não é só feita de história e ciência. É também, em grande parte, feita de ficção. De imaginação. Da criatividade de quem escreve. E essa imaginação e criatividade levam, também, o leitor para um imaginário. Quantas vezes o leitor não se sente transportar para o imaginário do escritor, tornando-se, quase, uma personagem da própria obra?
Podemos falar do romance, da poesia ou do drama. A verdade é que a ficção literária representa um papel essencial para a criação de cenários no leitor, proporcionando-lhe um universo imaginário quase sempre inalcançável na vida real para o comum dos mortais.
Em consequência, a leitura permite-nos também enriquecer o nosso vocabulário. Seja na língua pátria, seja em língua estrangeira. Muita da leitura que hoje fazemos é em língua estrangeira. O conhecimento e compreensão de outras línguas permite-nos, também, enriquecer o nosso vocabulário. Quanto mais rico for o nosso vocabulário maior será a facilidade de comunicarmos com os outros.
Como sugestão de leitura teria, obviamente, de começar por um clássico: “A cidade e as serras” de Eça de Queiroz. Um exemplo de escrita e descrição do autor numa visão da sociedade de então, fazendo a comparação entre a cidade e o campo, entre uma classe rica e os pobres.
Dos escritores de língua portuguesa contemporâneos, e muitos poderia sugerir, mas lembrei-me, desde logo do “Cemitério de pianos” de José Luís Peixoto.
E, pelo poder da descrição do autor, que nos transporta para a época, para os cheiros, para a sociedade de então, “O perfume” de Patrick Suskind.
Leiam!